Os tempos ainda não estavam maduros para se declarar Doutora da Igreja a uma mulher. De fato, o Papa Pio XI havia respondido negativamente a solicitação que os Carmelitas haviam apresentado para que Santa Teresa de Jesus, “Madre de los Espirituales”, fosse declarada Doutora. A proposta era rechaçada pelo fato de ser uma mulher. “Obstat sexus” (“o sexo impede”), disse o Papa;Com a declaração de Teresa de Jesus e Catarina de Sena como Doutoras da Igreja, em 1970, foi derrubado defini­tivamente o obstáculo que impedia nomear como Doutora, uma mulher. Perante este fato, novamente se apresentou a possibilidade de que Teresa de Lisieux, nossa irmã, pudesse ser declarada Doutora da Igreja. Em 1973, ano do Centenário de seu nascimento, D. Garrone suscitou novamente a questão: “Um dia Santa Teresa de Lisieux poderá ser Doutora da Igreja? Respondo que sim, sem hesitação, estimulado pelo que sucedeu com a grande Santa Teresa e com Santa Catarina de Sena”. Em ocasiões sucessivas os Carmelitas levantaram a questão. Em 1981, o Cardeal Roger Etchegaray, a pedido do Carmelo Teresiano e, após consulta ao Conselho Permanente do Episcopado francês, enviou uma carta oficial ao Papa João Paulo II solicitando que Teresa de Lisieux fosse declarada Doutora da Igreja. Em diversas ocasiões, a postulação geral da Ordem e o bispo de Lisieux, D. Pican escreveram cartas oficiais neste sentido. O Capítulo Geral do Carmelo Teresiano, em 1991, e o Carmelo da Antiga Obser­vância, em 1995, fizeram outro tanto. No mesmo sentido se pronunciaram mais de 30 conferencias episcopais e milhares de cristãos: sacerdotes, religiosos e leigos de 107 países.….Deus suscitou na Igreja a consciência da necessidade de uma nova evangelização para responder a este tempo especial de graça e renovar a fé, a esperança e o amor centrados em Jesus, único Salvador e centro da história. Ele nos revela o verdadeiro rosto de Deus e nos mostra a presença e ação do Espírito nas pessoas e no mundo.

“Não posso compreender porque as mulheres são tão facilmente, excomungadas na Itália; a cada instante diziam-nos: “Não entreis aqui… Não entreis ali, ficareis excomungadas!… ”Ah! pobres mulheres, como são desprezadas!… Entretanto, elas amam a Deus em maior número do que os homens e, durante a Paixão de Nosso Senhor, as mulheres tiveram mais coragem do que os apóstolos, pois enfrentaram os insultos dos soldados e ousaram enxugar a Face adorável de Jesus… ”

Sua condição de mulher, que expressa com o frescor e a sinceridade de uma pessoa livre, a conduz a uma reflexão evangélica: esta marginalização da mulher faz com que ela participe mais intimamente do desprezo de que Jesus foi objeto em sua paixão. As mulheres tiveram o valor de terem enxugado o rosto de Cristo.

“Sem dúvida, é por isso que ele permite que o desprezo seja sua quota sobre a terra, pois o escolheu para Si mesmo… No céu, ele saberá mostrar que seus pensamentos não são os dos homens, pois então as últimas serão as primeiras

No evangelho de Lucas, Jesus, repleto gozo no Espírito Santo, proclama a lógica divina, tão diferente da nossa: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, por teres ocultado isto aos sábios e aos inteligentes, e por tê-lo revelado aos pequeninos.” (Lc 10,21).

Roma, 01 de outubro de 1997


Extractos de Fr. Camilo Maccise, OCD Fr. Joseph Chalmers, O. Carm.

Nunca tentei ser perfeita… Sou incapaz de sê-lo, sou demasiado pequena… Apenas quero ser santa… A santidade é gratuita, não pertence às nossas forças… Basta deixar que Deus actue…

Jesus não pede grandes acções, mas apenas abandono e gratidão.

A santidade… é uma disposição do coração que nos torna humildes e pequenos nos braços de Deus, conscientes da nossa fraqueza e confiantes até à audácia na sua bondade de Pai.

Teresa de Lisieux

A Poesia visita-nos uma vez na vida. O Amor visita-nos algumas vezes na vida. Mas a Santidade visita-nos todos os dias.

Sophia de Mello Breyner (cito de memória)